País tem preços maiores, velocidades menores e cobertura geográfica deficiente
O Brasil tem metas de expansão e incremento da velocidade do serviço de Internet defasadas em relação a outros países e preços mais elevados quando se leva em conta o acesso oferecido às empresas. Essas são as principais conclusões do estudo “Quanto custa o acesso à Internet para as empresas do Brasil?”, produzido pelo Sistema FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado doRio de Janeiro).
O estudo mapeia serviços e custos oferecidos no país, em contraposição aosoferecidos em demais países no mundo, apontando os desafios que o Brasil ainda enfrenta. O custo médio nacional de acesso empresarial à Internet foi medido com os valores oficiais informados pelas operadoras de pacotes de acesso que oferecem serviços nas capitais brasileiras. Foram pesquisados os valores de três velocidades de download — 1, 10 e 100 Mbps — que atendem a nichos do mercado empresarial com necessidades diferentes.
Em termos de velocidade mínima, o pacote mais simples na tecnologia DSL oferece velocidade de download de 150 Kbps às empresas, cerca de cinco vezes menor do que a convencionada como banda larga pela Federal Communications Commission (FCC) americana. Para efeito de comparação, a velocidade mínima oferecida no Japão é de 12 Mbps, 81 vezes superior à brasileira. Na França, a velocidade mínima é de 8 Mbps, na Itália de 7 Mbps, em Portugal de 4 Mbps e no Uruguai, de 3 Mbps. Mesmo os países dos Brics têm velocidade maior nos seus pacotes básicos: a China oferece mínimo de 1 Mbps, e Índia e Rússia, o mínimo de 256 kbps.
Velocidade de 1 Mbps
Para a tecnologia de banda larga DSL para empresas, o custo de acesso levantado pela pesquisa da Firjan no Brasil é de R$ 70,85 em média para o pacote com velocidade de download de 1 Mbps,o mínimo necessário para atender às micro e pequenas empresas. Esse custo, porém, não é igual em todos os estados. Ele varia até 650% no país, com valor mínimo de R$ 57,40 nos estados de Alagoas e Espírito Santo e máximo de R$ 429,90 no Amapá, Estado atendido por link de satélite, onde a velocidade máxima disponível é de apenas 600 Kbps.
Mesmo tirando o Amapá da comparação, a variação é grande, com os maiores custos sendo registrados no Norte e Nordeste. A variação chega a 75%, comparando-se os estados mais baratos com Amazonas, o segundo mais caro. A diferença de preços, além de refletir estratégias adotadas pelas operadoras nos diversos mercados, é influenciada pela disponibilidade de infraestrutura física na região e de sua interligação com os backbones nacionais.
Na tecnologia wireless, para a mesma velocidade, o custo é em média 55% mais caro do que a tecnologia DSL. Porém, o estudo mostra que o preço tem variação muito pequena entre os estados da federação: na média, o acesso custa R$ 109,82, variando entre R$ 106,27 e R$ 114,56.
A comparação internacional mostra que, embora o custo nacional seja mais baixo do que os demais países dos Brics e semelhantes aos apresentados na Índia, Argentina e Estados Unidos, no Brasil ainda se paga 150% a mais que no Canadá, 238% a mais que no México e Colômbia e 348% acima da Alemanha.
Velocidade de 10 Mbps
Na velocidade de 10 Mbps na tecnologia DSL, novamente há grande variação entre os estados: o preço parte de R$ 84,90 no Rio Grande do Norte e alcança R$ 192,40 no Acre. A diferença de 125% reflete questões competitivas de mercado e de infraestrutura de acesso. Assim, Amapá e Amazonas foram excluídos da comparação porque os serviços oferecidos às empresas da região não alcançam essa velocidade. Na comparação internacional, o Brasil aparece mais competitivo, mas ainda cobrando preços mais altos que Alemanha, Chile e Portugal.
Velocidade de 100 Mbps
A velocidade de 100 Mbps só está disponível em apenas 13 dos 27 estados. Isso por conta da estrutura de fibra ótica, que só está disponível em algumas regiões do país. O valor médio para esse acesso no Brasil é de R$ 529, o equivalente a aproximadamente US$ 320, mais caro do que no Japão (US$ 311), EUA (US$ 310), Singapura (US$ 231), China (US$ 189) e Portugal (US$ 67).
A velocidade de 100 Mbps é a maior oferecida ao mercado empresarial em pacotes “de prateleira”. Enquanto isso, no Japão há ampla ofertade 500 Mbps, e na Suécia de até 1 Gbps. De acordo com o estudo, o incremento significativo de velocidade, seja da mínima ou da máxima, passa necessariamente por investimentos expressivos em infraestrutura, especialmente na expansão de linhas troncais de fibra ótica e de suas ramificações, garantindo a existência da última milha.
O estudo “Quanto custa o acesso à Internet para as empresas do Brasil?” pode ser baixado pelo link http://bit.ly/firjanbanda
Em: 15/6/2011
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