Você tem perfil empreendedor ou executivo?

O empreendedor tem obrigação de analisar várias opções e não pode simplesmente “tocar seu negócio” sem entender que tem o poder de ampliar os resultados ou evitar perdas.

Saiba mais no artigo de Rosangela de Fátima Souza.

Você tem perfil empreendedor ou executivo?

Você, que tem um negócio hoje, responda “sim” ou “não”:
-Sente-se feliz tomando decisões (pequenas e grandes) diariamente?
-É dessa liberdade de errar e acertar sozinho que você gosta?
-Ou essa é a parte chata de empreender para você?
-Gosta de seguir regras e padrões?
-Ou prefere estabelecê-los, e monitorar as pessoas, motivando-as para a obtenção de resultados?
-Não consegue entender como empresários concorrentes conversam sobre o mercado e o segmento e até trabalham juntos, seguindo o conceito cada vez mais difundido de coopetição?
-Adora a disciplina que um executivo tem de ter?
- Ou odeia, e preferiria ficar nas áreas mais criativas ou comerciais da empresa?

Enfim, que tipo de empreendedor você é?

Se você é super competitivo, talvez então seja melhor pensar em tornar sua empresa uma franqueadora , já que não conseguirá se associar aos concorrentes sem sabotar o princípio de compartilhamento de boas práticas. Mas para vender franquia não é só uma questão de perfil do empresário, é também de mercado. Você tem de ter um produto ou serviço inovador, ou um jeito de operar que seja diferente dos concorrentes. Sem diferenciais, difícil convencer o futuro franqueado de que ele ganhará dinheiro. Você tem de ter ganhado dinheiro com seu negócio, pois terá de provar que ele é lucrativo para os futuros franqueados. Seu negócio tem de ter mão de obra disponível, senão seu franqueado não conseguirá entregar o produto/serviço naquela pequena cidade do Nordeste, aonde você quer vender franquia. Já vi franquias que dependem de mão de obra especializada quebrarem, porque não é possível encontrar profissionais para realizarem o serviço. Você tem de analisar se seu produto/serviço tem potencial de ser um sucesso nacional, ou se você tem um bom resultado só porque está em sua cidade. A venda de franquias tem de promover sucesso a franqueados em muitas cidades, para ser viável. E seu produto/serviço tem de ser passível de formatação.
Comprar uma franquia é também empreender, embora não seja com a sua marca. O sucesso depende do franqueador e, em grande parte, de você e sua equipe, não se iluda. Mas se é do tipo criativo, curioso e com visão estratégica, provavelmente terá dificuldades com esta opção. No começo vai adorar, porque é um negócio novo e você tem muito a aprender. Mas passada a fase inicial de encantamento, você, criativo e estratégico, vai querer fazer tudo diferente. Na franquia, você precisa acreditar nas estratégias propostas por seu franqueador, na verdade, você paga pela concessão e uso da marca e exatamente para obter know how de quem já teve sucesso com aquele negócio.
Se você é do tipo empresário solitário, que sente falta de parceiros com quem discutir os desafios de sua empresa, aí você tem duas opções: comprar uma franquia (as novas gerações de redes não só apoiam como promovem este compartilhamento de práticas) ou buscar concorrentes que sintam a mesma falta e saibam coopetir (cooperar e competir).
Se não gosta de liderar, aí você quase não tem opção para empreender . Melhor se tornar um especialista em alguma área de conhecimento, e virar um pesquisador, financista ou qualquer posição que não requeira tantas habilidades interpessoais e de obtenção de resultados através de outras pessoas. Não assuma a liderança de ninguém se esta frase tiver sentido para você: “melhor eu já fazer, é muito mais rápido, não tenho tempo de ensinar e essas pessoas não vão fazer com a mesma qualidade que eu faço.” Você será um péssimo líder, que centraliza tudo e não capacita ninguém. Não empreenda, por favor.
O que mais vejo é o empreendedor do tipo operacional, ou seja, aquele que adora a operação do negócio, como um dono de restaurante que quer ficar cozinhando, ou dono de escola que adora dar aulas, ou finalmente um dono de um hospital que só é feliz quando está no consultório. Neste caso, há algumas opções: uma é contratar um excelente administrador, que tenha visão sistêmica, que goste da estratégia e da tática, e que seja um ótimo líder. Aí você pode se dar ao luxo de dar suas aulas, suas consultas ou cozinhar ótimos pratos, mesmo sendo dono do negócio. Provavelmente você faz isso muito bem e continuará contribuindo com o seu negócio, mesmo não sendo a pessoa estratégica. A outra opção é esquecer essa coisa de empreender e ser um excelente funcionário, ou até sócio minoritário de um negócio em que você seja o especialista, do qual a empresa não possa prescindir. Acredite, você será feliz e ganhará dinheiro, pois terá a liberdade de aceitar ofertas melhores em sua carreira, especialmente se conseguir manter seu conhecimento do assunto, sua habilidade de execução e atitudes, tendo comportamentos adequados à função e ao negócio.
Ser franqueado, tornar-se franqueador, comprar ou vender a empresa, empreender sozinho, virar funcionário - são tantas as opções. Então, a lição de casa do empreendedor é entender como é sua relação com o poder, com a disciplina, com a operação, a tática e a estratégia, com o status, com suas paixões – e só depois fazer suas escolhas. Não tem certo ou errado, melhor ou pior. Descobrir onde estão seus talentos e onde você é feliz, para, finalmente, tomar a decisão.

Fonte: Rosangela de Fátima Souza é fundadora e sócia-diretora da Companhia de Idiomas, empresa especializada em cursos de idiomas in company, consultoria em idiomas e traduções. Também é fundadora e sócia-diretora da plataforma multilateral ProfCerto (www.profcerto.com.br)., Rosangela é tradutora-intérprete, especialista em Gestão Empresarial com MBA pela FGV e Professora de Estratégia na Pós-Graduação da FGV/Santo André. Desenvolveu projetos acadêmicos sobre expansão por franquias no segmento de idiomas, planejamento estratégico e indicadores de desempenho para pequenas empresas. Recebeu vários prêmios, como Mulher de Negócios, 100 Melhores Fornecedores para RH, Fornecedor de Confiança (da revista Melhor) e o MPE Brasil do SEBRAE.

Em: 5/7/2013

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