Pesquisas apontam que empreendedorismo está ligado à genética
Luiz Fernando Garcia
Um estudo realizado por cientistas britânicos e norte-americanos, do qual, Scott Shane, professor da Weatherhead School of Management, foi co-autor, acompanhou a personalidade empreendedora em 1266 pares de gêmeos. Entre eles havia 609 pares de gêmeos univitelinos (idênticos geneticamente) e 657 pares de gêmeos não–idênticos. Comparando a condição empreendedora entre eles foi possível identificar a importância dos fatores genéticos, isolando-os dos fatores ambientais para que se formassem as pessoas com maior capacidade de realização. Entre os gêmeos idênticos a taxa de propensão a tornar-se empreendedor é de 48%. Quase a metade das possibilidades de um indivíduo para se tornar um empreendedor se deve a fatores genéticos. Este estudo abre caminho para prosseguir e identificar os genes específicos envolvidos em ser um empreendedor. O neurologista Joe Tsien, da Universidade de Princeton, Estados Unidos, alterou um gene batizado de NR2B, no DNA de camundongos (que têm 92% da carga genética igual à da raça humana). Tsien conseguiu modificar a capacidade dos roedores em encontrar soluções para problemas – o que chamaríamos, quando nos referimos a humanos, de memória e inteligência. Um teste realizado em um labirinto no qual os camundongos normais levavam em média três minutos para encontrar comida, os que tiveram o NR2B duplicado precisaram de apenas 42 segundos e os que tiveram o gene retirado só encontraram a saída depois de nove horas. O gene parece ser parcialmente responsável pela capacidade de sobrevivência em ambientes hostis ou de mudanças bruscas. A hipótese de que todos os realizadores possuam uma capacidade maior do gene NR2B pode ser levada em conta. Bem, este é só um dos apoios de nosso contexto, o aspecto biológico. Mas acredita-se que há míseros 3 a 3,5 % da população aproximadamente que apresenta de forma inata este perfil. Desse modo, quem não foi privilegiado geneticamente não poderá ser um empreendedor? Errado. David McClelland, um dos mais conhecidos estudiosos das motivações humanas, realizou um trabalho, solicitado pela ONU, para identificar uma forma de melhorar a condição de resultados de pessoas comuns. Este estudo apontou características de comportamento empreendedor, chamadas de CCE, como identificação de oportunidades de negócio e iniciativa para aproveitá-las, comprometimento e persistência, qualidade de visão em longo prazo e planejamento de ações a curto, médio e longo prazo, entre dez características mapeadas. Assim, durante minhas experiências com mais de quatro mil empresários e quase vinte mil horas de treinamentos comportamentais, pude presenciar um grande número de pessoas beneficiando-se com um recurso que desenvolvi: o caderno de orientação para resultados (OR). Em um trabalho realizado com 149 donos de negócios por um ano, utilizando o OR, foram obtidos, em média, diversos ganhos empresariais como: aumento do número de funcionários em 21,83%; aumento do faturamento em 34,5%; crescimento do número de clientes em 20,12%; acréscimo de 21,16% da retirada mensal do sócio. Assim, podemos concluir que os grandes empreendedores não são apenas obras do destino. Essa gente que faz a diferença só tem um segredo: um caderno OR dentro da própria cabeça. Então, orientação para resultados para ser gente que faz.
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